Igrejas Antigas e Vazias: Por que a Igreja da Noruega está perdendo sua atração?

Igrejas Antigas e Vazias: Por que a Igreja da Noruega está perdendo sua atração?

O assunto desta monografia está baseado em minha experiência na Igreja Luterana da qual faço parte no Brasil, onde tenho minhas raízes (IECLB), comparando com a igreja estatal da Noruega (Igreja da Noruega), a partir do princípio que ambas possuem as mesmas raízes e compreensão teológica. Os pontos principais que me chamam atenção são as diferentes maneiras que estas igrejas têm se desenvolvido, comprometidas com a pregação do evangelho e sua postura com relação a missões nos últimos anos. Já tive a oportunidade de visitar algumas congregações da Igreja da Noruega e não é apenas a minha impressão, mas também de outros colegas do Hald, que a maioria das pessoas nos cultos não são jovens, talvez a média seja de 45 anos de idade, e adolescentes e jovens em geral são raramente encontrados neste que deve ser o evento principal de uma comunidade.

 

Enquanto nós no Brasil possuímos uma agência missionária dentro da IECLB que está preocupada em trabalhar com missões dentro do país e usa muito a força de trabalho jovem (e conseqüentemente faz a igreja crescer), aqui na Noruega as últimas estatísticas, baseando-se nos números de batismos, mostram que o número de membros está diminuindo a cada ano. Talvez a razão para que os jovens cristãos na Noruega não estejam no culto principal seja porque eles apenas frequentam atividades especificas para sua idade, como cafés cristãos, por exemplo. Mas o problema com estes cafés é que na sua grande maioria eles não propõe nenhuma atividade como estudo bíblico ou mesmo alguns cânticos de louvor. Então, a principal diferença reside no fato de que no Brasil nós temos um grande número de jovens que estão preocupados com missões, enquanto na Noruega o número de jovens que desfiliam-se da igreja aumenta a cada ano, visto que após o ensino confirmatório eles raramente participam dos cultos. Ou o que acontece é que eles até mesmo permanecem na igreja, mas estão crescendo sem possuir muito conhecimento das Escrituras.

 

Também é conhecido o fato de que nunca, na história, o número de cristãos aumentou tanto quanto nos últimos anos, e muito provavelmente estas diferenças entre Brasil e Noruega estão relacionadas ao que vem acontecendo com a Igreja Cristã ao redor do mundo atualmente. Enquanto a fé cristã está crescendo nos países do hemisfério sul (América Latina, África, China e outros países da Ásia), o número de cristãos na Europa está diminuindo. Então este é um dos grandes problemas que a Igreja Cristã tem que encarar nos tempos atuais, considerando que os países europeus têm suportado a missão cristã com dinheiro e envio de missionários desde que as denominações protestantes iniciaram suas missões.

 

Outras estatísticas mostram que 85% da população norueguesa é membra da Igreja da Noruega, mas apenas 10% frequentam os cultos mais que uma vez por mês. Então, sabendo destas estatísticas e outras informações passo a analisar alguns pontos que podem estar influenciando estes resultados na Noruega nos dias de hoje, e talvez contribuir de maneira pertinente para a atual discussão sobre o Estado e a igreja, se a igreja deve permanecer sob comando do Estado ou não.

 

 

1. Cargos pagos na igreja

ou “porque eu devo ajudar se ele é pago para fazer o trabalho?”

 

A partir do princípio que a igreja é comandada pelo Estado, todos os pastores e bispos recebem seus salários do Estado. Catecistas e músicos podem receber seus salários do Estado também, mas o principal empregador neste caso são os municípios. De certo modo isto é bom para as congregações, visto que não precisam se preocupar em pagar o salário do clero com o dinheiro da coleta, e desta forma podem investir todo o dinheiro arrecadado em trabalho missionário, evangelismo e assistência social, por exemplo. Mas, por outro lado, esta situação cria uma atmosfera na congregação onde os membros podem pensar que estes “empregados do Estado” são responsáveis por tudo, desde a pregação até todo o trabalho administrativo. Então, a grande maioria dos membros não participa nas tarefas da congregação, visto que possuem alguém que é pago para fazer o trabalho.

 

E, se os membros não se envolvem no trabalho da congregação, eles não podem crescer nas suas vidas de fé, pois a falta de responsabilidades automaticamente cria uma falta de interesse e falta de motivação. Como conseqüência, a congregação inteira enfrenta basicamente dois problemas: o primeiro é o fato de que se as pessoas não se envolvem no trabalho é impossível criar uma liderança de membros leigos (fora do clero), sem falar no fato de que é muito difícil administrar uma congregação sozinho (no caso do pastor não receber nenhuma ajuda dos membros); o outro problema esta relacionado ao exemplo que Jesus deu como “servo”, considerando que é muito difícil obedecer-lhe se não se trabalha para o Reino de Deus.

 

Comparando esta situação com um exemplo bíblico, podemos perceber a diferença considerando a forma como os discípulos lidaram com a vida diária da igreja no livro de atos (Atos 6.1-7, por exemplo). Isto também é um problema para a maturidade da congregação, a partir do princípio que se as pessoas não se envolvem no trabalho, não se sentem espiritualmente preparadas ou até mesmo nem precisam estar preparadas para ajudar a congregação a crescer. De maneira diferente os discípulos na Bíblia realizavam várias tarefas: evangelização (Atos 2.1-40), exorcismos, curas (Mateus 10.1), distribuição de dinheiro (Atos 2.45), de comida (Mateus 15.35), etc. Eles até mesmo trouxeram uma jumenta com sua cria para Jesus(Mateus 21.1-3).

 

John Stott (220, 221:2003) fala sobre o quão difícil é para uma igreja quebrar a diferença entre o clero e os membros leigos. O principal problema talvez seja o fato de que os membros colocam o clero em uma posição muito elevada, e da mesma forma o clero coloca-se nesta posição. Mas Stott afirma que existem várias maneiras de contribuir para o trabalho de uma congregação, e uma delas seria a pregação da palavra; mesmo que a Bíblia nos fale que os pastores são os responsáveis pelo ensino, não existem razões para não se dividir esta tarefa com outros cristãos capacitados.

 

 

2. Liturgia

ou “esta não é a música ideal para uma festa”.

 

A liturgia extremamente tradicional usada na Igreja da Noruega parece ser mais apropriada para um funeral do que para este tempo de louvor a Deus que é o culto. Também com um exemplo bíblico, se nós compararmos o que o rei Davi fez no passado, nós encontramos que ele até mesmo dançou em frente ao Senhor (2 Samuel 6:14). E mesmo se a liturgia é responsável por definir a ordem do culto, ao menos ela deve estar adaptada ao tipo de liberdade que as pessoas têm em suas vidas cotidianas. Claro que precisamos das coisas organizadas no culto, mas não pode parecer que estamos num enterro todas as vezes que devemos louvar a Deus.

 

A maneira sistemática como a liturgia se desenvolve no culto parece concluir que as pessoas se “transformam” naquele exato instante, como por exemplo com o Kyrie. Esta é uma oração ou salmo com o qual a congregação pede pela misericórdia de Deus; então Deus perdoa e a igreja segue em arrependimento. Mas o arrependimento não é automático; ninguém tem um botão na testa para mudar seu estado para “arrependido” no exato momento em que queremos. A remissão de pecados está diretamente ligada com o tempo que a pessoa precisa para se sentir perdoada e a capacidade que temos de compreender a vontade de Deus. Então isso requer a ação do Espírito Santo e um relacionamento com Deus, nosso pai amado. Tomando como exemplo o apóstolo Pedro no episódio em que ele negou Jesus, ele teve que fazer isto três vezes até perceber que havia pecado da forma como Jesus havia previsto (Lucas 22.54-62).

 

Claro que a liturgia deve anunciar todos os passos da salvação e do relacionamento com Deus, mas mesmo assim isto deve acontecer de uma forma mais “humana”, que respeite a capacidade de compreensão dos membros da igreja e a santidade de Deus, visto que o tempo de culto é um tempo de louvor a Ele.

 

 

3. A música e o órgão

ou “a igreja é movimento e não monumento”.

 

Se as pessoas estão habituadas a escutar músicas com guitarras, bateria, etc. nas suas vidas cotidianas, por que deve a igreja usar apenas o órgão nos cultos? Claro que soa muito estranho para os jovens escutar o som de um órgão, visto que estes estão habituados a escutar outros tipos de instrumentos e ritmos em seus rádios todos os dias. E ao pesquisar sobre a história do órgão pode-se perceber que este está diretamente ligado à história da igreja e a tradição, mas hoje em dia não existe a necessidade de gastar-se uma quantia enorme de dinheiro (aqui na Noruega pode custar mais de R$ 600.000,00) em um instrumento que não pode ao menos ser movido dentro da igreja, e que pode ser considerado muito mais um monumento do que qualquer outra coisa. Este dinheiro inclusive poderia ser investido em outros trabalhos ou mesmo para comprar todos os instrumentos para a formação de uma banda na igreja, com os quais a igreja teria mais trabalho voluntário, promovendo crescimento na vida de fé para as pessoas responsáveis pelo louvor e ao mesmo tempo a formação de lideres.

 

E também não existe apenas um tipo de instrumento que pode ser considerado “santo”. O que a Bíblia fala sobre louvor? “Davi e todos os israelitas iam cantando e dançando perante o Senhor, ao som de todo tipo de instrumentos de pinho: harpas, liras, tamborins, chocalhos e címbalos.” (2 Samuel 6.5). Nós podemos compreender que todos estes instrumentos faziam parte da circunstância na qual as pessoas estavam, a partir do princípio que estavam viajando, e mesmo o que os israelitas estavam habituados a utilizar para louvar a Deus. Nós podemos imaginar como soaria estranho escutarmos o som de um chofar, por exemplo, visto ser um instrumento tipicamente judeu daquele tempo.

 

E como luteranos podemos também tomar o exemplo de Martinho Lutero. O famoso hino “Castelo Forte”, que tem a melodia e a letra compostas por este líder da reforma protestante, segue o estilo de música comum nos bares daquele tempo. Então era originalmente um tipo de música secular, com o qual Lutero renovou o estilo dos cânticos congregacionais.

 

Concordo que a Igreja da Noruega cresceu através dos anos escutando o órgão, mas assim como a nova geração na sociedade está habituada a diferentes tipos de música, muito provavelmente este é um dos fatores que faz com que as pessoas não gostem dos cultos.

 

 

4. Pastoreio

ou “tomem conta de vocês e de todo o rebanho”

 

O relacionamento entre Jesus e seus discípulos, como relatado nos evangelhos, foi construído a partir de um contato constante no período de três anos. O Senhor selecionou um pequeno número de pessoas as quais ele poderia ensinar e lhes deu a responsabilidade de concluir o trabalho após sua partida para os céus. No entanto, se analisarmos o número de pastores da Igreja da Noruega e o número de membros, percebemos que existe um pastor para mais de 3000 membros,o que resulta num número muito grande de pessoas para se tomar conta, considerando o ensino e a manutenção do vínculo.

 

Muito provavelmente a grande maioria dos membros da igreja encontra o pastor apenas nos cultos aos domingos, mas eu acredito que um grande número de pastores não conhece nem mesmo um membro de cada família em sua congregação. Para confirmar este pensamento aqui está a opinião de um dos pastores entrevistados por mim: “Na maioria dos casos eu entro em contato com os membros como pastor quando os pais vão batizar seus filhos, e em funerais antes e algumas vezes depois do enterro. Eu não conheço todas as famílias que possuem membros em minha congregação devido ao sistema da igreja.” Então, o que acontece na maioria de casos como um enterro, um momento completamente doloroso e íntimo para uma família, é que o pastor não conhece nem o morto nem a família, e este momento que deveria ser cercado de cuidado às vezes apresenta-se apenas como uma relação de trabalho, pois o pastor não pode atuar como um pastor, visto que o processo de pastoreio leva certo tempo. Assim ele vai ao enterro, conclui seu trabalho e volta para casa.

 

Também, se os membros de uma congregação não encontram-se em nenhuma atividade a não ser os cultos aos domingos, é impossível estimular-se o pastoreio mútuo e a vida de comunhão entre eles, assim como está escrito no livro de atos 2.42-47. Paulo também aconselha em seu discurso (Atos 20.28-31) que é importante para uma comunidade ser responsável por ela mesma, considerando que neste exemplo a comunidade em questão perderia um dos líderes em breve.

 

Talvez uma alternativa para este problema seja investir em grupos de células como parte do pastoreio entre os membros, com o princípio de que ao mesmo tempo estes membros frequentem os cultos da congregação e mantenham contato com o pastor. Aqui está um exemplo da Igreja Internacional de Bergen, quando eu perguntei ao pastor sobre a maneira como os membros podem desenvolver um relacionamento mais próximo na comunidade: “..a princípio, as pessoas seguem nesta direção participando regularmente dos cultos e sendo parte de um grupo de célula. A ideia com os grupos de célula é que eles sejam mais do que apenas um estudo bíblico, mas também uma oportunidade de se desenvolver uma amizade genuína e ajudar a tomar conta das necessidades uns dos outros”

 

 

5. Voz profética na sociedade

ou “como podem pregar se não foram enviados?”

 

O antigo testamento mostra algumas histórias sobre pessoas específicas que Deus escolheu e enviou para ser uma bênção a outras nações ou mesmo para serem profetas em Israel. Estes profetas, de maneira geral, tinham a missão de anunciar o juízo de Deus, chamando as pessoas ao arrependimento e anunciar a vinda do messias. Nós também podemos comparar os profetas do antigo testamento com a ação missionária dos discípulos no novo testamento, a partir do princípio que estes começaram a espalhar as novas sobre Jesus e o Reino de Deus e também porque esta mensagem chama as pessoas para o arrependimento e para a remissão de pecados.

 

Em ambos os casos pode-se perceber que é Deus quem sempre dá o primeiro passo ao chamar aqueles que ele quer que trabalhem para ele: Moises (Êxodo 3.4), Samuel (1 Samuel 3.4), Isaias (Isaias 6.8) e Jonas (Jonas 1.1) como exemplos no Antigo Testamento e Pedro e André (Mateus 4.19), Mateus (Mateus 9.9) e Paulo (Atos 9.3) como exemplos do Novo Testamento. Como um segundo passo, Deus dá uma mensagem para ser anunciada, a qual pode ser compreendida como uma voz profética na sociedade, a partir do princípio que a mensagem confronta a sociedade com seu pensamento instituído, mostrando os pecados e chamando para o arrependimento. Nós podemos também tomar João Batista como exemplo, pois sua mensagem ao mesmo tempo estimulava as pessoas a cuidarem uns dos outros (Lucas 3.11) e também ia de encontro aos seus erros (Lucas 3.7).

 

Muito provavelmente este segundo aspecto do discurso profético é o mais complicado de ser concluído, visto que pode causar desconforto entre os ouvintes. Não apenas João Batista sofreu devido ao seu discurso, mas o próprio Jesus, Pedro, Paulo e outros discípulos no livro de Atos. Isto significa então que o discurso cristão, desde o principio, foi caracterizado por falar às pessoas algo difícil e mesmo nada prazeroso de ser escutado. Mas isto não significa que hoje em dia a igreja deve parar de proclamar o Evangelho apenas para satisfazer todos os tipos de pessoas e maneiras de pensar.

 

Se a Igreja da Noruega tomar para si a responsabilidade de ter uma voz profética na sociedade, tem uma grande chance de fazer a diferença e começar um reavivamento cristão, partindo do princípio que ela ainda possui um considerável número de membros e a população em geral procura a igreja quando preocupada com batismos, ensino confirmatório e funerais. O problema reside no fato de que se as congregações não possuírem seus objetivos muito claros, pode se tornar inútil apenas abrir as portas aos domingos esperando para que as pessoas venham, ao invés de sair ao alcance delas.

 

Mas o que tenho escutado sobre os objetivos da igreja vão na direção oposta: “A Igreja da Noruega tem como um de seus princípios estar aberta para todos. Então, um sermão típico não confronta ninguém, e assim todos podem se sentir bem-vindos na igreja. Muito provavelmente se for falado algo com que as pessoas devem preocupar-se, estas se sentirão mal e terão vontade de sair.” Então, parece que a Igreja da Noruega está negando a oportunidade de ter esta voz profética e trabalhar de forma missionária na sociedade. Ser um profeta significa trabalhar como um missionário.

 

 

6. A natureza da igreja é missão

ou “a igreja que não está envolvida com missões se torna campo missionário”

 

Tanto Samuel Escobar (94, 99:2003) quanto John Stott (103:2003) enfatizam a natureza missionária de Deus. Primeiro Escobar menciona que Deus enviou seu povo para ser uma bênção para toda a humanidade, a partir do princípio que um relacionamento próximo com Deus faz com que os crentes possam chamá-lo de pai (João 1:12). Então, assim como amamos nosso pai, devemos fazer aquilo que ele nos manda (João 14:15/1 Pedro 1:17). Escobar também observa que na oração sacerdotal (João 17) Jesus assume o seu chamado como um exemplo para enviar seus discípulos ao mundo mais tarde. Ele fala também que Cristo foi o melhor missionário do Pai, o verdadeiro modelo para a missão cristã. E esta missão foi ordenada por Jesus nos evangelhos de Mateus (capitulo 28) e Marcos (capitulo 16), e significa que a conseqüência natural depois de nos tornarmos cristãos é responder a Deus participando na missão da Igreja.

 

Stott fala que o Espírito Santo é um espírito missionário, o evangelista chefe que podemos ver no exemplo de pentecostes (Atos 2). O Espírito faz-nos capazes de declarar Jesus nosso Senhor, amar nossos inimigos, curar, expulsar espíritos malignos e fazer a vontade do Pai. Então, é impossível começar a evangelização sem ele, e é por isso que Jesus prometeu-o no capítulo 14 do evangelho de João.

 

 

7. Conclusão


Quando Jesus foi elevado aos céus ele deixou uma tarefa inacabada, a qual cristãos de todas as épocas são responsáveis por cumprir. Somos responsáveis por escrever o capítulo 29 e seguintes do livro de Atos, e isto só é possível se estamos constantemente envolvidos com missões. Um bom exemplo sobre esta verdade é o que está acontecendo com a Noruega e outros países europeus atualmente. Os lugares onde a reforma protestante iniciou e outros países que enviaram um grande número de missionários no passado têm um grande número de ateístas/agnósticos atualmente. Mas como o pastor Geir falou “toda a geração necessita ser re-evangelizada” (não apenas na Noruega, mas em qualquer lugar) e claro que a fé cristã tem muito a contribuir com a vida social do povo norueguês, visto que o país enfrenta problemas como pessoas sofrendo com solidão, vício de drogas e álcool...,os quais causam baixa autoestima entre as pessoas.

 

Mateus Fonseca Pereira